Considero atualmente a comida como a droga do século XXI. Não acredite, nem duvide dessa afirmação. Convido você a pensar um pouco a respeito comigo.
Come-se por tédio, solidão, perdas, insônia, tristeza, raiva, angústia, carência, indecisão, insegurança, falta de amor, por dores emocionais e inúmeros desconfortos. Também por alegrias, conquistas, vitórias etc.
A comida serve como calmante, anestésico, relaxante, substituindo prazeres e remediando incômodos. Está ligada tanto à tristeza quanto à euforia. Circula de um extremo a outro. O que na sociedade tem essa função? Drogas legais e ilegais, não é mesmo? Só que no geral o uso de drogas legais pede uma autorização médica, uma receita. No caso das ilegais, a sociedade diz condenar. Em relação ao alimento, não precisamos que ninguém nos autorize a consumi-lo – já que necessitamos comer para viver -, pelo contrário, a sociedade incentiva o consumo e até mesmo considera que a não aceitação, dependendo do contexto, é sinal de indelicadeza e falta de educação.
Outro dado interessante que envolve o alimentar-se é o modo como a sociedade prega ideias contrastantes. Qual é o custo anual que as empresas têm com publicidade na qual a beleza magra está em evidência? Capas de revistas, passarelas, outdoors e propagandas em geral. Sendo que grande parte da população não entra nesses moldes. Do outro lado da balança, cada vez mais produtos são lançados no mercado de alimentos, com o apelo de serem deliciosos, saborosos, macios e irresistíveis: compra, consuma-o, coma mais e mais.
Qual é a nossa parcela de responsabilidade e qual é a da sociedade ao lidar com a comida? Qual o nosso papel diante desse cenário? Até onde permitimos nos influenciar? A troco de quê? O que ganhamos nos empanturrando de alimentos? Ou nos privando de tudo o que gostamos? Onde queremos chegar com esses comportamentos? O que estamos fazendo conosco, com o nosso corpo e com a nossa vida?
Vivemos em sociedade e ela certamente nos influencia, se assim permitimos, como também a influenciamos. Saber até que ponto ocorre uma coisa e outra é importante para podermos separar o joio do trigo, para sairmos da posição de vítimas para autores de nossa própria história.
Comer pode ser um prazer, sem utilizarmos isso para nos esconder de nós mesmos, nem para mascarar sentimentos, a não ser que essa seja a sua escolha, mas tenha em mente quais serão os resultados.
A comida nos traz vida, disposição e energia, quando bem utilizada, de forma harmônica e com equilíbrio. O caminho do meio nos ensina muito sobre isso, nem a ausência de alimentos nem o excesso que tanto prejudica.
Quando aprendemos a colocar a comida no seu devido lugar, uma sensação agradável surge e podemos perceber o quanto é possível sentir-se confortável de outras formas e maneiras, em outras companhias, inclusive na sua própria.
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