O fato de sermos imigrantes nos Estados Unidos não nos tira o direito de acompanharmos de perto quem está ensinando nossos filhos e quais conceitos estão sendo transmitidos e absorvidos por eles, principalmente na 1ª infância.
As crianças aprendem aquilo que vivenciam, como elucida muito bem no poema “Children Learn What They Live”, a autora americana Dorothy Law Nolte.
“Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar.
Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar.
Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser medrosas.
Se as crianças convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas.Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.
Se convivem com a inveja, aprendem a invejar.
Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa.
Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas.Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes.
Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.
Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.
Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas.
Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo.Se as crianças vivem partilhando, aprendem o que é generosidade.
Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade.
Se convivem com a equidade, aprendem o que é justiça.
Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito.Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam.
Se as crianças convivem com a afabilidade e a amizade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver”.
A autora exemplifica todas as situações e a leitura desse livro me fez repensar muitas coisas, não só como educadora, mas como mãe também.
Me recordo muito bem da ligação que recebi em uma manhã de 2008, da professora da minha filha mais nova, que cursava a 2ª serie na ocasião. O motivo da ligação era me comunicar que a aniversariante ficaria sem “cupcake” no dia do próprio aniversário por ter esquecido a lição de casa pela primeira vez. Arruinar uma festa de aniversário de uma criança de 6 anos seria a melhor forma de ensinar responsabilidade?
Outro exemplo, foi quando ouvi a filha de uma grande amiga dizer em alto e bom tom que não era muito esperta. Fazer uma criança repetir que não é muito esperta e acreditar naquilo desenvolverá qual tipo de auto-estima?
Quais poderiam ser as marcas dessas vivências na vida de nossos filhos?
Um educador precisa ter muito cuidado com a forma como passa conceitos aos seus alunos e não pode jamais rotulá-los e separá-los por categorias. O impacto negativo que essas atitudes não pensadas pode ter, equivale a uma marca a ser carregada por toda vida e que acarretará em um resultado péssimo nas atitudes e formação de personalidade dessa criança.
A partir do momento em que esse aluno é incluído, aceito, reconhecido e estimulado a crescer emocional e pedagogicamente, ele se torna capaz de conviver com as diferencas, de ter auto-estima e de compartilhar objetos, conhecimento e amor.
Um educador precisa sentir-se honrado por ter nas mãos a responsabilidade de formar indivíduos e deve procurar sempre promover atividades vivenciais que permitam que o aprendizado ocorra de forma natural e divertida.
A necessidade de brincar para o desenvolvimento das crianças é inquestionável e essencial para auxiliar na construção de identidade, na capacidade de comunicação e na formação de indivíduos. A criança que tem a oportunidade de reproduzir o seu cotidiano e vivenciar experiências, terá vantagens significativas nesse processo de aprendizagem.
Associando esses conceitos à realidade do ensino de português como língua de herança, posso afirmar que de acordo com minha experiência com os meus pequenos falantes, o aprendizado vivencial contribuiu significativamente para a aquisição do português e uso dele em sala de aula, em casa e no convívio entre falantes do português.
Portanto, se as crianças aprendem o que elas vivenciam, que nós pais possamos acompanhar de perto a evolução pedagógica deles nas escolas e investigar o que tem acontecido nesse dia a dia para que tomemos as providências necessárias para minimizar os problemas e evitar marcas negativas.
Devemos marcar uma reunião com a professora para que ponderemos os fatos e caso o problema persista ou seja recorrente, que tomemos a iniciativa de agendar uma reunião com a coordenação ou direção da escola. Após a avaliação de todos os pontos de vista, caberá aos pais decidirem a melhor alternativa para que aquele incidente não traga marcas definitivas na personalidade da criança.
As nossas decisões e atitudes terão total impacto no futuro de nossos filhos, assim como a dos educadores que passarem pela vida educacional deles.
Quer saber mais sobre Formação e Educação? Curta nossa página do Facebook.