Nova Iorque e seus encontros improváveis, a babel de culturas e línguas… Quando iria imaginar fazer parte de um quinteto croata, alemão, chinês e japonês? Agora desfalcado, pois Akiko, a japonesa, voltou para Tóquio e Marija, a croata, também retornou ao país dela. Nova Iorque é assim: o eterno chegar e partir. As pessoas se cruzam, se gostam e torcem para um dia, quem sabe, se esbarrarem novamente em alguma esquina do mundo.
Dias atrás, almoçamos Peggy, a alemã – nascida na parte oriental comunista – e Sophia, a chinesa, que na verdade se chama Ying, e yo. Nos reencontramos no Westchester Community College, onde nos conhecemos e passamos mais de três horas a conversando num inglês de sotaques diversos.
Os papos foram da política na Alemanha e no Brasil às superstições dos chineses acerca dos números. Os chineses não gostam do número quatro, pois o caractere (grafia/símbolo) do quatro é igual ao símbolo da morte.
Ying nos contou que quando viu o código telefônico da área aqui de Westchester, 914, quase teve um infarto. “Eu não quero esse número que significa viver para sempre na morte”!
Hahaha, morremos de rir, Peggy e eu. Na China, o número nove é vida eterna, um número auspicioso. O oito também é bom. Mas 4 e 14, de jeito nenhum. Eles pulam os andares dos prédios, passando do 3 para o 5. Do 13 para o 15.
Porém, o que fez doer a barriga de tanto rir foi saber que 666 é um número de grande poder positivo para os chineses. Prosperidade, sorte, abundância!
– Mas logo o número da besta, do demônio? Peggy e eu estouramos numa gargalhada alta, não muito comum nos ambientes fechados norte-americanos. Os jovens sentados às mesas ao redor lançavam olhares reprovadores na direção dauele trio de “velhas” sem compostura.
Sophia Ying ficou estarrecida. Ela não tinha a menor ideia! Inclusive personalizou a placa do carro dela, nos EUA, com a sequência apocalíptica! Pensem!
Tá vendo o que dá não assistir aos filmes ocidentais de terror?