Já está bem estabelecido que a prática de exercícios é um dos principais fatores de manutenção da saúde e prevenção de várias enfermidades. Mesmo assim, 33% da população mundial e 8% dos adolescentes não conseguem cumprir as diretrizes da prática de exercícios. Essas diretrizes preconizam que se faça 30 minutos de exercícios de moderado a intenso pelo menos 5 vezes na semana, ou 150 minutos na semana ou ainda 20 minutos de exercícios vigorosos 3 vezes por semana.
Curiosamente os países mais sedentários são os mais ricos, entre os britânicos 80% são sedentários e entre os americanos 90%. Os motivos para o sedentarismo são muitos e entre eles está a falta de tempo. Assim, o novo tipo de prática de exercícios chamado HIIT ou treinamento intervalado de alta intensidade ganhou muito adeptos. Isso porque é um treinamento que por ser muito intenso deve ser feito por um tempo menor, entre 20 e 30 minutos apenas.
Os benefícios desse treinamento para o coração, manutenção da pressão arterial e diminuição da obesidade são indiscutíveis. Mas um estudo publicado em 20151 levantou uma questão muito importante. Nesse estudo os autores reafirmam os benefícios dos exercícios, mas levantam a dúvida se esse em especial, por ser de alta intensidade, não poderia trazer alguns riscos para o cérebro.
Os autores julgam ser um pouco prematuro a afirmação que todas as pessoas podem praticar esse tipo de exercício. Os estudos feitos a respeito do HIIT comprovam seus benefícios, mas não estudam os efeitos sobre o cérebro. O risco potencial seria o aumento rápido da pressão sanguínea no cérebro, por várias alterações envolvidas no exercício. E essas alterações ainda não foram estudadas e assim, esse exercício pode não ser para todas as pessoas.
O contraditório nesse mesmo estudo é que os autores afirmam que apesar dos riscos devido à falta de estudos, esse tipo de exercício não deve ser desestimulado. A ponderação é bem interessante. Eles analisam o fato da seguinte forma. Os números mostram que as mortes e pessoas doentes devido ao sedentarismo é muito maior que o risco que este tipo de exercício poderia trazer para a população.
Pelo fato do tempo necessário para o exercício ser menor, pessoas que não têm muito tempo para exercitar-se e aqueles que não gostam de se exercitam mas precisam são os maiores adeptos ao treinamento intervalado de alta intensidade.
Sem dúvida esse aspecto é bem importante, mas vale sempre a recomendação do bom senso e do acompanhamento de um profissional com capacidade de avaliar e prescrever exercícios de acordo com a capacidade de cada um.
1. High-intensity interval exercise and cerebrovascular health: curiosity, cause, and consequence Samuel JE Lucas1,2, James D Cotter3 , Patrice Brassard4,5 and Damian M Bailey6,7 Journal of Cerebral Blood Flow & Metabolism (2015) 35, 902–911