Nos dias de hoje a sociedade tem buscado ir ao encontro dos direitos de todos. Educação, saúde, emprego, segurança…para todos! E quando se pensa na educação musical, esta também tem de ser para todos. Há muito não se pretende mais somente ensinar um instrumento, ou formar um músico profissional, o virtuose. O que se quer agora é, entre outras coisas, despertar o indivíduo para o mundo da música, desenvolver nele habilidades, comportamentos, estimulá-lo a criar. É sensibilizá-lo para a música e assim formar um bom ouvinte, crítico e consciente. Desta forma, todo ser humano passa a ter o direito e as potencialidades necessárias para usufruir uma educação musical. O aprendizado musical não pode mais ser um privilégio daqueles que dispõem de talento excepcional, ou dos que têm condições financeiras para pagar. Todos podem, e devem, estudar música, e a ciência já comprova os benefícios trazidos ao indivíduo, em diversas áreas, por causa do aprendizado e da prática da música.

Ice cream music for the palate
O que se pretende com a criança, por exemplo, é levá-la da descoberta sonora, da exploração constante de fontes sonoras (curiosidade que lhe é natural), à criação. É desenvolver nela o hábito de fazer, de ouvir e de analisar e criticar sua própria música. Evidentemente não estou falando aqui de passar às crianças definições ou concepções teóricas, nem somente de lhes ensinar uma técnica, como, por exemplo, tocar piano. Pretende-se ultrapassar estes elementos, dando-lhes a oportunidade de se expressar, e colocando-as em contato com todos os tipos de música, sem preconceitos. Uma das características essenciais deste pensamento pedagógico está no despertar para a música, está na ligação do indivíduo com a descoberta e com seu potencial criativo. É preciso levar a pessoa em direção à compreensão da música em sua totalidade, do sentido musical em si, por meio de um ensino que dê ênfase à prática da escuta e da invenção. Ouvir muito, e inventar sempre! Com o fazer tem-se a compreensão dos processos composicionais, e se poderá entender melhor como estão construídas as músicas ouvidas. Consequentemente, a pessoa desenvolverá seu espírito crítico, e fará escolhas mais conscientes.
Essa maneira de abordar o ensino de música tira o estudante de uma aprendizagem imitativa que, apesar de participativa, fica restrita à aquisição de noções musicais. É preciso permitir a cada um explorar e desenvolver suas potencialidades individuais. E que isto se dê não só no início como durante todo o decorrer dos estudos musicais.
Mas nada disso tem sentido se o aluno não tiver prazer em fazer música. A aprendizagem musical não deve ser percebida como um treinamento difícil de ser adquirido, mas como um meio de comunicação, de manifestação de necessidades individuais, sejam elas artísticas, emocionais ou de aquisição de conhecimento. Antes de tudo, é preciso lembrar que música é uma arte viva, e é a sua prática que confere prazer e leva ao desenvolvimento do ser e ao real aprendizado musical.
Photo Credit: Mari Hart Dore