Doula não é parteira nem babá de grávida. O que é então?

Crônicas e Contos

Certo dia, enquanto eu fotografava um lindo parto natural, a Doula precisou se ausentar por alguns instantes, me deixando sozinha com a parturiente. E então esta mulher durante uma contração me abraçou, apertou minha mão forte em meio a dor. A abracei e acolhi, e ao sentir sua energia de vida pulsando, pensei: “Quero ser Doula!”

Posso apostar que a grande maioria que está lendo agora, ou não sabe o que é uma Doula, ou só tem uma vaga ideia, assim como eu há alguns anos quando eu ainda não era fotógrafa de parto. E hoje, estou aqui falando não só como Doula, mas como mulher, mãe, ativista da humanização do nascimento, em favor dos direitos das mulheres, venho aqui tentar resumir em algumas palavras o que é esta profissão, tão importante e contraditoriamente tão esquecida ao mesmo tempo.

E então, primeiro quero falar o que uma doula “não” faz.

  • Doula não faz parto. Nem o médico e enfermeira … quem faz o parto é a mulher.
  • Doula não é babá de grávida.
  • Doula não pode fazer nenhum intervenção técnica ou clínica (como exame de toque por exemplo).
  • Doula não é porta voz de gestante.
  • Doula não é parteira.
Foto: Mari Hart

Foto: Mari Hart

Dito isto, vamos ao real sentido da palavra Doula. Do grego, significa; “Mulher que serve.” E é exatamente isso o que uma doula deve fazer. Servir uma gestante de informações. Oferecer acolhimento a seus medos, angústias, sentimentos e dores, e assim, trilhar um caminho mais suave e seguro em direção ao parto. O parto é um divisor de águas na vida da mulher, para muitas, um ritual feminino. É um evento que irá marcá-la, para o bem ou para o mal. Muitas mães são felizes, amam seus filhos, mas tem péssimas recordações sobre o parto. E um dos papéis de uma Doula, é aumentar a estatística de mulheres vivendo experiências positivas deste momento tão especial da vida. O ato de dar à luz a um bebê envolve questões físicas, emocionais, fisiológicas, psicológicas. E a Doula é uma profissional preparada e capacitada para ajudar no empoderamento desta mulher, que logo se tornará mãe.

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Foto: Mari Hart

Empoderamento: dar o poder. Doulas não são salvadoras, tampouco super heroínas. A responsabilidade do parto é da mulher. E é justamente por esse resgate ao protagonismo, é que batalhamos. Este protagonismo condiz em compreender seu corpo, sua força, estar munida de informações para ser totalmente dona de si, e não deixar terceiros decidirem por nós. Antigamente, ainda sem estruturas médicas quando bebês apenas nasciam em casa, Doulas eram vizinhas, uma avó, ou tia mais velha, com mais experiência, que ajudavam mulheres em seus partos. Com a evolução da medicina, estas mulheres foram ficando de lado. Parturientes passaram a perder a tutela de seus corpos para hospitais, e o parto deixou de ser um evento familiar, para ser um evento tecnocrata. Porém uma coisa não anula a outra. É possível ter os dois unidos! A doula dá todo o suporte físico e emocional, de diversas formas, durante a gestação, parto e pós-parto, e assim, ainda “facilita” a vida do médico.

 

 

E como ela faz isso?!

  • A Doula leva informação a mulher e/ou casal. Orienta. Seja sobre sistema obstétrico, até informações básicas de como funciona fisiologicamente o parto.
  • A Doula, junto à gestante, trabalha seus medos, responde à dúvidas, conversa sobre expectativas, possíveis cenários, e elaboram juntas uma estratégia.
  • A Doula ajuda na construção do plano de parto, documentário necessário para ter seus desejos respeitados em 99% dos hospitais.
  • A Doula encoraja, fortalece a gestante em seu momento mais vulnerável.
  • A Doula acompanha a gestante durante todo trabalho de parto, com métodos não farmacológicos de alívio da dor, como: técnicas de massagem, relaxamento, palavras de apoio, banhos, exercícios.
  • A Doula auxilia no período do puerpério e amamentação (embora existam doulas exclusivas para este período)
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Foto: Mari Hart

A Doula ajuda a humanizar o nascimento, e por isso mesmo pesquisas recentes mostram que uma Doula reduz os índices de cesariana desnecessária. Ressalvo que a cesárea é uma cirurgia maravilhosa, e que salva vidas! Somos apenas contra a banalização dela por estar cientes dos altos riscos que envolvem para o binômio mãe-bebê. Ter uma Doula reduz a duração do trabalho de parto, o uso de analgesia substituído por métodos não farmacológicos, e de intervenções como ocitocina sintética, episiotomia e fórceps.  Além do que, aumenta estatísticas de satisfação da mulher com seu parto, o sucesso com a amamentação exclusiva e diminui a incidência de depressão pós parto.  Vale lembrar que OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que Doulas estejam presentes em hospitais e casas de parto, reconhecendo seus benefícios.

Toda mulher merece uma Doula!

 

“Se a Doula fosse um remédio, seria antiético não receitar.”
[John Kennell]

Mari Hart.Fotógrafa. Mãe. Doula. Feminista, louca por gatos, viciada em café, tatuada. Carioca na Florida. Photographer. Mom. Doula. Birth lover. Feminist. Crazy for cats. Coffeeholic. Tattoo addicted. Buddhism enthusiast. Brazil/US. marihartphoto@gmail.com

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