Se você se encaixa no grupo de pessoas curiosas (como eu!) que tudo procura rapidamente no “santo” Google, encontrará algumas definições básicas sobre o que vem a ser Boudoir (se pronuncia “buduá”)
- Uma palavra francesa que significa um quarto privado ou espaço íntimo de uma mulher.
- Termos ligados à fotografia: fotos sensuais, fotos nuas, fotos sexys, etc.
E mais uma gama de definições que nos levam à mesma vertente: a sensualidade de um corpo.
Porém, na minha opinião, Boudoir é maior que todas as definições acima.
No meus quase 8 anos como fotógrafa e direcionando minha especialização para Boudoir, vejo meu trabalho com extrema delicadeza e suavidade. Imagine restaurar uma obra de arte que já está ali, feita! Mas com algumas ranhuras do tempo. A mão tem que ser leve, o olhar sobre a tela tem que ser preciso para não distorcer a obra. Como profissional tenho que ler a pessoa que está diante de mim, ajudá-la a abrir essa pequena janela para si mesma, retirar essas camadas, essa ranhura que se foi acumulando com o tempo e mostrar suas verdadeiras cores.
Meu primeiro trabalho de Boudoir foi nada mais e nada menos que com uma linda mulher de 66 anos, que por décadas não se sentia confortável diante de uma câmera; como ela mesma expressou, passou parte da vida se escondendo atrás de pessoas na hora da foto de família. Em suas próprias palavras: “Era só o pescocinho esticado Liz, e assim um meio sorriso porque eu não gosto do meu sorriso”.
Recordo que à medida que as fotos foram fluindo essa mulher cresceu; à cada imagem que eu lhe mostrava seu olhar se enchia de encantamento! E ela falou a frase mágica, a frase que todos nos deveríamos repetir todos os dias: “Eu estou me amando!”. Diante das minhas lentes aquela mulher se revelou e depois de décadas ela se reconheceu e se amou, quem sabe, pela primeira vez! Ela diz que aquela experiência mudou a sua vida. Eu digo que ela mudou a minha também.
Fotografo mulheres “size 0” a “size 20”, adultas e também maduras. O mais incrível é que todas elas, sem exceção, compartilham a mesma insegurança e vivem com um carrasco chamado: espelho. Vou abrir um parêntesis: quem já ouviu a frase: “o espelho não mente”? Bom, me alegro ao dizer que o espelho pode mentir sim, o espelho com distorção pode acrescentar dois “sizes” à sua figura e vice-versa, então antes de achar-se uma batata, verifique a veracidade do seu espelho.
Minha câmera se transformou num divã …
Quando solicitei permissão a algumas clientes para publicar as fotos neste artigo, fiquei surpresa com a receptividade positiva e principalmente com comentários tão carinhosos, tais como:
“Antes eu guardava em minha imagem as marcas da vida em preto e branco. Depois, suas lentes mostraram que a vida pode ser colorida quando revelada com amor”
“Depois das nossa sessão, me senti poderosa, dona na minha pele, dona meu corpo. Vi pela primeira vez uma beleza em mim que sempre esteve ali. Você capturou e me revelou isso”
“Eu sou outra! Caminho diferente, me visto diferente, abracei uma sensualidade que eu desconhecia, eu me vi linda e me sinto segura em tirar a roupa e também em vesti-la”
Fotografar alguém vestido ou semi-nu é um desafio para qualquer profissional sensível ao motivo da foto. Poucas pessoas se sentem confortáveis diante de uma lente direcionada para si. Nós estamos propensos a criticar duramente e no momento da fotografia, nos sentimos expostos. Estamos focando em modelos de beleza impostos pela mídia, pela publicidade, porém eles estão bem acima das nossas expectativas … até porque não são reais.
Para mim, cada sessão de Boudoir se transforma numa terapia, num encontro. É quase um abraço de reconciliação. É quando essa pessoa se abraça na sua individualidade, abraça suas diferenças, suas peculiaridades do corpo e da alma, como quando se é criança e se faz as pazes com sua melhor amiga e ela volta a ser a mas linda de todas para sempre.
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