A Música e Suas Várias Áreas de Estudo

Artes

Música pode ser feita de várias maneiras e em vários lugares.

Seu resultado, evidentemente, será sempre variado. O que poucos sabem é da existência de uma parte do fazer musica que nem sempre é comercial ou costuma estar à venda: a que está nas Universidades. Aí é gerada tanto uma produção artística quanto bibliográfica pois, além de dar aulas, de produzir espetáculos, álbuns e partituras, o professor universitário também faz pesquisa e escreve livros sobre os mais diferentes assuntos dentro da música. É do que falaremos aqui.

É comum, ao dizer a alguém que sou professora de música, me perguntarem imediatamente: que instrumento você ensina? E sou obrigada a dizer: nenhum. Que decepção! E mais ainda, o que fiz eu, durante tanto tempo, numa Universidade, se não ensinava a tocar um instrumento? Como posso ter feito um Doutorado? Existe Doutorado em Música? As pessoas, não conformadas, insistem em saber como é possível ser professora de música sem ensinar um instrumento. Parece, para muitos, que trabalhar com música é só tocar, e mesmo assim, que não precisa estudar. Doce ilusão!

O músico, em qualquer das atividades musicais, tem que estudar muito quando está na carreira acadêmica. E como o ser humano gosta de classificar coisas, também na música isso foi feito. Ela foi dividida, de modo geral, em 4 grandes áreas de estudo: práticas interpretativas, composição, musicologia e educação musical, que podem, por sua vez, ser divididas em subáreas.

Chamamos de práticas interpretativas ou de performance a parte que congrega os músicos que tocam instrumentos, os cantores e os maestros, não importa de que tipo de expressão musical seja, se popular, regional, erudita, ou qualquer outro que se queira nominar. Acredito que todos entendem e sabem do que se trata, pois é o que mais se conhece na música.

A atividade de composição, suponho, também não requer grandes explicações. São os compositores em geral, que criam música instrumental, vocal, eletrônica, com ou sem uso do computador ou de qualquer outra interface. É de onde parte a música, pois o compositor cria, e o intérprete, como a própria palavra diz, interpreta para o público ouvir.

Já a musicologia, e acho que esta é uma das áreas de estudo menos conhecidas, se dedica a pesquisar a história da música, a vida dos compositores e suas obras, estudar profundamente a teoria e fazer análises, enfim, abarca um estudo teórico bastante amplo. É um setor importantíssimo, e requer do profissional conhecimentos muito aprofundados, pois é a partir do trabalho dos musicólogos que podemos descobrir como as diferentes músicas foram e são construídas, como elas aconteceram nas diversas épocas, quais as características musicais de cada compositor, como ela é expressa nas inúmeras culturas, como se relaciona com diferentes interfaces consideradas atualmente, e muito mais. Um exemplo de subárea é a etnomusicologia, que se propõe a estudar as músicas regionais, de folclore, de diferentes países e culturas.

A educação musical, por sua vez, aborda as metodologias de ensino musical, ou seja, como e o que se pode ensinar nas diferentes idades, em vários níveis, em lugares distintos. Muitos métodos e técnicas já foram criados, não só para se ensinar um instrumento em especial, mas principalmente para se trabalhar a música em seus mais diferentes aspectos, como os elementos sonoros e musicais que a integram, por exemplo. A educação musical, normalmente, se propõe a despertar o indivíduo para a compreensão um pouco mais aprofundada da música.

Existem também, assim como em qualquer outro campo de conhecimento, os estudos acadêmicos de alto nível, desenvolvidos nos cursos de Mestrado e Doutorado. No Brasil, existe um número cada vez maior de Programas de Pós-graduação em Música: em Porto Alegre (na UFRGS), São Paulo (USP e UNESP), Campinas (UNICAMP), Rio de Janeiro (UFRJ e UNIRIO), Goiânia (UFG), Belo Horizonte (UFMG), Salvador (UFBA), Curitiba (UFPR), entre outros. Quando o indivíduo entra em um curso de Mestrado ou Doutorado, ele escolhe a qual especialidade vai se dedicar, conforme as ofertas dos diferentes programas.

Com o intuito de congregar pesquisadores e músicos de diversas especialidades, e promover a discussão acadêmica, têm  sido criadas no Brasil várias associações musicais, como por exemplo: a ANPPOM (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música), a ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), a SBMC (Sociedade Brasileira de Música Contemporânea), a SBME (Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica), a Associação de Musicologia, e tantas outras. Algumas delas promovem Encontros e Congressos onde novos trabalhos de pesquisa e práticas pedagógicas são apresentados, e há ainda as que editam revistas acadêmicas e científicas cujo objetivo é divulgar os trabalhos desenvolvidos pelas inúmeras produções musicais.

Arte na Educação Escolar

A produção de livros também já é bastante significativa no Brasil, muito embora nas livrarias e meios comerciais ainda seja pequeno o espaço reservado a este tipo de material. No entanto, em algumas livrarias universitárias pode-se encontrar um número expressivo destas publicações.

No livro Arte na Educação Escolar, de minha autoria, editado pela Editora Intersaberes, eu abordo alguns aspectos relacionados aos programas de Pós-graduação e, também, a algumas das Associações citadas, colocando-os dentro do contexto do ensino das artes na escola brasileira.

Como se pode perceber, a música tem diferentes ramificações de estudo e de expressão, não se restringindo apenas à performance, largamente difundida nas mídias ou nos mais diversos tipos de espetáculos, mas está também nos meios acadêmicos. Assim, o estudo musical se alimenta da criação e da prática que, por sua vez, se enriquece ao absorver os resultados de pesquisa, das análises e demais estudos. É um ciclo virtuoso que aumenta dia a dia, se engrandece e se aprimora, fazendo da música, cada vez mais, um elo de união entre as pessoas

Bernadete Zagonel é Doutora em música pela Sorbonne – Universidade Paris IV. Foi professora titular da Universidade Federal do Paraná e da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Tem 28 livros publicados sobre Educação Musical. Atualmente mora em Boca Raton, Florida (USA) e faz parte do quadro de Diretores do Rotary Club of Boca Raton West na gestão 2021-2022. Sua contribuição para o Brasileirinho tem sido valiosa para todos os que amam as artes e em particular o estudo da música. Para contato: Website: www.bernadetezagonel.com.br Facebook: facebook.com/bernadete.zagonel Instagram: @bernadetezagonel

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